segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Produtos intensivos em tecnologia perdem espaço nas exportações

exportações19 de Janeiro de 2011

Levantamento realizado pela PROTEC na última semana constatou que a pauta de exportações brasileira apresenta acentuada queda de participação dos grupos de produtos mais intensivos em tecnologia. Em dez anos, o grupo de alta tecnologia reduziu sua fatia de 12% para apenas 4,6% no ano passado. Já o de média-alta tecnologia, que tinha participação de 21,2%, caiu para 18% no período. O governo vem acenando com possíveis ações para reverter o problema, por meio de barreiras às importações. Porém, a estratégia, se tomada de forma isolada, terá efeito restrito. Para que os produtos nacionais inovados ganhem peso no comércio exterior, o País precisa de soluções para o custo Brasil e para o incentivo ao desenvolvimento tecnológico na indústria. Apesar das boas intenções, ainda falta visão de longo prazo.


Produtos intensivos em tecnologia perdem espaço nas exportações19 de Janeiro de 2011

A pauta de exportações brasileira apresentou progressiva queda de participação dos grupos de produtos mais intensivos em tecnologia no período de dez anos. Foi o que constatou levantamento da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC), com base em dados do Ministério do Desenvolvimento. O grupo de alta tecnologia, que representava 12% das exportações em 2001, no ano passado reduziu sua fatia para apenas 4,6%. Movimento semelhante foi registrado no grupo de média-alta tecnologia, que tinha participação de 21,2% e caiu para 18% no período. O grupo de média-baixa tecnologia teve queda de 17% do total de exportações para 14,6% em dez anos. O quadro revela o enfraquecimento da pauta de exportações brasileira, atualmente concentrada em cinco commodities, enquanto os bens industriais de maior valor agregado perdem espaço.

"Os números mais uma vez confirmam os reflexos danosos do câmbio sobrevalorizado, da falta de incentivos fiscais e da alta taxa de juros, que oneram a produção e tiram a competitividade do setor produtivo. Também expressam a baixa efetividade da política de incentivo à inovação na indústria. O País, devido ao estágio atual de desenvolvimento de sua indústria, precisa que o Estado assuma parte do risco inerente a toda inovação", defende o diretor-geral da PROTEC, Roberto Nicolsky.

Importações

O resultado das compras externas não é mais animador. Os produtos de alta tecnologia diminuíram sua participação nas importações, mas aumentaram em valores absolutos. Em 2001, esses produtos eram 24,9% das compras externas, o equivalente a US$ 13,8 bilhões. Em 2010, a participação relativa do grupo caiu para 19,7%; em compensação, o valor subiu em 160%, ficando em US$ 35,8 bilhões, já que o total de importações aumentou.

O grupo de média-alta tecnologia manteve sua participação nas importações em cerca de 40% do total, mas os valores absolutos subiram de US$ 23 bilhões para US$ 75,2 bilhões. Já no de média-baixa tecnologia, as importações corresponderam a 14,9% em 2001 e 18,8% em 2010. Pela primeira vez, este setor acumulou déficit, um montante de US$ 4,7 bilhões em 2010. Segundo análise da PROTEC, o fato se deve ao aumento nas importações da área de combustíveis (principalmente óleo diesel, naftas para petroquímicos e querosene de aviação), que atingiu quase US$ 7 bilhões de déficit.

Saldo industrial

De acordo com o levantamento da PROTEC, os produtos industriais tiveram déficit de US$ 30,7 bilhões no ano passado. "As commodities estão sustentando a balança comercial do País. Uma relação de troca deste tipo não é saudável, pois toneladas de soja valem o mesmo que apenas um laptop. É algo inadmissível", analisa Nicolsky.

Do lado das importações, em 2001, o Brasil registrou um total de US$ 55,6 bilhões, enquanto que, em 2010, esse número pulou para US$ 181,6 bilhões, um recorde. "Esse salto é preocupante, especialmente porque os superávits na balança comercial brasileira têm sido, tradicionalmente, um dos pilares de sustentação do balanço de pagamentos. Mas o pior ainda está por vir. A previsão do setor privado é que, em 2011, não haja superávit na balança comercial, complicando ainda mais o fechamento das contas externas do País. Para não ter de usar suas reservas cambiais, o governo tem de torcer para continuar forte o fluxo de entradas de capitais externos. Especialmente os produtivos, que permanecem mais tempo internados", alerta o economista Fernando Varella, consultor da PROTEC.


(Fonte: Natália Calandrini para Notícias Protec - 19/01/2011)
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