segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Doce D´ocê aprende a inovar com ajuda do Edital Senai de Inovação

Doce D´ocê aprende a inovar com ajuda do Edital Senai de InovaçãoA Doce

D´ocê iniciou suas atividades em abril de 1993 na própria residência da família Bazanella em Chopinzinho, Sudoeste do Paraná. Com a ajuda do marido, Noeli Alves Bazanella vendia seus produtos para vizinhos e conhecidos da cidade. Depois passou para incubadora Sebrae e, ao mesmo tempo, atendia em uma sala de 30m² no centro da cidade fazendo lanches. Em 1997, montou uma padaria em uma avenida de Chopinzinho e a partir daí começou sua expansão.

Em 2000, após três anos de planejamento, estudos e visitas, a empresa decidiu investir em um conceito inovador de panificação e confeitaria: o ultracongelamento. "É um sistema que facilita a vida de nossos clientes, que podem comprar as massas prontas, ficando apenas com a necessidade de fazer o acabamento, o que agiliza o processo", explica um dos sócios, Carlos Bazanella.

Hoje a empresa está instalada no Bairro Industrial de Chopinzinho, em uma área de mais de 60.000 m², possuindo 1.600 m² de espaço físico construído para produção e com um projeto de ampliação em andamento que dobrará a capacidade de produção da empresa até maio de 2010. Atualmente a Doce D´ocê gera 110 empregos diretos e mais de 280 indiretos. A empresa comercializa seus produtos em supermercados, mercados, panificadoras e lojas de conveniência das regiões Sudoeste, Oeste, Noroeste, Centro-Oeste, Centro-Sul, Litoral do Paraná e Oeste de Santa Catarina.


Na produção tudo se transformou: de 15 bolos produzidos por mês em 1993, para mais de 300 unidades por dia em 2009, de 300 pães franceses por dia em 1996, para mais de dois milhões de unidades por mês em 2009 e ainda um mix com mais de 300 produtos entre biscoitos, bolos, tortas, rocamboles, doces, salgados, pães e outros. Todos com um rígido controle de qualidade desde a escolha da matéria prima até a distribuição final ao cliente, garantindo o padrão dos produtos.

"A empresa tem 16 anos, permaneceu dois anos na incubadora do Sebrae e aprendeu andar com seus próprios passos, ficou fortalecida saindo para um local próprio e hoje está em uma área construída de 1.600 m². Nosso faturamento cresceu 52% no ano de 2008 comparado com 2007", afirma Bazanella.



Inovação


Em 2007 a Doce D´ocê teve um projeto contemplado no Edital Senai Inovação e instalou, dentro da empresa, um laboratório para desenvolver a fabricação da massa para bolo ultracongelada, com o auxílio do Senai.



"O fato da empresa já trabalhar com produtos ultracongelados colaborou para realizarmos uma pesquisa de mercado para criar um produto prático e de qualidade que tivesse um diferencial competitivo. A massa de bolo ultracongelada não perde as características de massas caseiras, a rapidez para o produto ficar pronto também é destaque dando condições a todo consumidor utilizar a massa com segurança. Estamos fazendo a comercialização do produto em nossa região nas embalagens de um quilo e queremos produzir e vender cinco mil quilos por mês. Na sequência expandiremos para outras regiões", afirma.



Para o empresário, o edital Senai foi um divisor de águas para a empresa e mostrou que mesmo sendo uma pequena empresa é possível inovar com produtos de qualidade. "Não temos área de pesquisa e desenvolvimento na empresa, porém isso não impede de sermos criativos e buscarmos parceiros como o Senai que nos dá todo suporte para projetos de inovação. O desenvolvimento desta pesquisa e a realização deste projeto colocaram a empresa a frente da concorrência com vantagem competitiva. Pretendemos participar do edital novamente, pois vale muito a pena", conclui.


(Fonte: Fernanda Magnani para Notícias Protec - 22/12/2009)
Fonte: http://www.protec.org.br/casos_sucesso_detalhe.php?id=71

Inovação tecnológica em purificadores de água

novação tecnológica em purificadores de águaUm revestimento bactericida formado por nanopartículas de cerâmica e prata para aplicação em reservatórios de bebedouros e purificadores de água foi desenvolvido pela Nanox Tecnologia, com sede em São Carlos, no interior paulista.

A empresa, que conta com apoio do programa Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu a invenção em parceria com pesquisadores do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da fundação paulista.

A tecnologia consiste em uma resina aplicada internamente nos reservatórios de água, de modo a formar uma película que inibe a proliferação de bactérias e toxinas. O revestimento interno, formado por nanopartículas de dióxido de titânio (TiO2) e prata, penetra nas células dos microorganismos presentes na água para destruir suas funções vitais.

"O revestimento é aplicado nas cubas de aço inox que armazenam a água no interior dos bebedouros. A água nesses reservatórios fica imprópria para consumo depois de cerca de dois dias. Com a tecnologia, a grande vantagem é que a água pode ficar parada durante até dez dias na cuba sem perder qualidade", disse Gustavo Simões, presidente da Nanox, à Agência Fapesp.

"No bebedouro, a água encanada passa por filtros onde é totalmente limpa e purificada. O problema é que o contato humano com as torneiras externas acaba produzindo bactérias no reservatório interno do equipamento, que é úmido e escuro - o ambiente ideal para esses microorganismos se reproduzirem e proliferarem", explica.


Segundo ele, se não houver nenhum tipo de abrasão - ou uma raspagem vigorosa com palha de aço -, o revestimento nanobactericida na cuba interna tem a mesma vida útil do próprio bebedouro.

"A tecnologia não tem seletividade e elimina qualquer tipo de bactéria por meio de pequenos choques que ocorrem na própria cuba, em cuja superfície vivem 99% das bactérias, já que é onde elas conseguem se alimentar", aponta.

Criada em janeiro de 2005, a empresa, especializada no desenvolvimento de materiais inteligentes por meio da síntese de óxidos e metais nanoestruturados, foi formada por três pesquisadores do Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC), vinculado ao Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara (SP).

"As tecnologia da empresa vêm sendo desenvolvidas com base em um tripé que une a capacidade empreendedora da Nanox, os recursos de fomento de instituições como a Fapesp e a parceria estabelecida ao longo desses anos com a Unesp", aponta Gustavo Simões.

As tecnologias de revestimento da Nanox Tecnologia, que recebeu o prêmio Inovação Tecnológica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em 2007 na categoria Pequena Empresa, também podem ser aplicadas em vidros, metais, cerâmicas e plásticos que necessitam ficar livres de microorganismos prejudiciais à saúde.


Fonte: Agência Fapesp - 07/10/2009)

http://www.protec.org.br/casos_sucesso_detalhe.php?id=142

Um consenso sobre a inovação tecnológica no Brasil

Um consenso sobre a inovação tecnológica no Brasil17/02/2011 - Wellington Freire

Publicação: O Globo

Observando a criatividade dos comerciantes da favela de Heliópolis, em São Paulo, para atender as necessidades de abastecimento dos seus moradores, a revista britânica "The Economist" disse, em reportagem publicada no final do ano passado, que o Brasil poderia buscar inspiração nas suas favelas para criar produtos e negócios mais inovadores para o seu mercado interno.

Apesar do sucesso internacional da economia brasileira, as nossas empresas estão fazendo bem menos do que suas rivais da Índia e da China (falando apenas dos BRICs) para dominar a arte de produzir mercadorias baratas para as massas. Se produtos e serviços inteligentes para os mais pobres enchem as prateleiras das lojas hoje no País, a quase totalidade é pensada e produzida no exterior, especialmente na China.

A reportagem da revista "The Economist" chama assim a atenção para um fato particular do desenvolvimento nacional que contraria um fundamento geral da teoria econômica, onde se aprende que o que deve ser exportado, por razões óbvias, é o excedente e não o principal da produção. Por conta da dinâmica econômica brasileira, marcada historicamente pela dependência externa, as empresas são estimuladas a buscar o mercado global, em detrimento da produção de mercadorias para consumidores locais.

Criar, então, produtos mais inteligentes e, portanto, mais inovadores, para os brasileiros, nos coloca de frente não apenas com o perfil tradicional da indústria nacional, mas também com a questão de como equacionar a relação entre ciência, tecnologia e inovação. Coisas que, apesar de distintas, aqui são sempre postas no mesmo escaninho de políticas públicas sob a sigla genérica de CT&I. Das três, para as empresas, a inovação é a pedra angular, já que é pilar estruturante da competitividade econômica.

Por isso, um confronto da posição do País diante dos concorrentes internacionais, no quesito Inovação, está hoje longe de nos tranquilizar. Um estudo divulgado pelo Fórum Econômico Mundial mostra que o Brasil caiu da 50ª para a 68ª posição no ranking mundial em 2010. Já dentre os países latino-americanos, onde era o 3º mais bem classificado até 2009, o país ficou apenas na 7ª posição ano passado, perdendo para nações como Chile, Uruguai e Costa Rica.

Já o Índice Global de Inovação, registra os obstáculos do setor no Brasil: infraestrutura deficiente, desigualdades sociais, falta de grandes investimentos em educação primária e secundária, e, por último, mas não menos importante, as dificuldades de proteção da propriedade intelectual. A par dessas deficiências estruturais, o Brasil precisa desenvolver um consenso em torno da inovação que leve em consideração as empresas.

Reconhecemos o papel fundamental e estimulador da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Ministério da Ciência e Tecnologia na concessão de créditos financeiros, ainda que falte um melhor entendimento do Governo em outras áreas. Apesar dos reconhecidos avanços trazidos pela Lei de Inovação, assinada pelo presidente Lula em 2004, especialmente no seu Capítulo IV denominado "do Estímulo à inovação nas empresas", ainda hoje o processo de registro de uma patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) demora de 8 a 10 anos. Essas inconsistências explicam, em parte, a baixa atividade das empresas brasileiras.

Nesse sentido, o País poderia considerar a longa contribuição de algumas empresas multinacionais sediadas no País, principalmente as que possuem uma visão, como a IBM, de que a inovação não está mais restrita aos laboratórios de P&D das grandes empresas ou das universidades, mas que pode estar, como no alerta da "The Economist", até mesmo nas favelas. Através de parcerias com essas empresas poderemos não só inserir inovações brasileiras no mercado global, mas também incrementar a inovação nativa.

Muitas vezes, a vida prática, como o dia a dia em uma favela de São Paulo, Rio ou Distrito Federal, coloca para as empresas demandas inovadoras a partir da boa idéia de alguém, que o mundo corporativo transforma em produto. A liberdade de criar olhando, fazendo e quebrando a cabeça para fazer melhor aquilo que outros fizeram antes vem sendo um dos mais potentes motores do desenvolvimento tecnológico nos países do leste asiático, hoje líderes nos processos de inovação no mundo. O Japão, depois da Segunda Guerra Mundial, e a China, Coréia do Sul e Cingapura são exemplos vivos de que esse modo de pensar pode dar certo.

A inovação brasileira é um jogo complexo, mas necessário para apoiar o desenvolvimento econômico do País. Entendemos que o futuro do Brasil, depende não apenas da educação formal de seu povo, mas também da sua capacidade de inovar e de gerar patentes que possam ser acrescentadas aos resultados de sua economia.

Mas é preciso entender que cabe às empresas a criação, produção e colocação no mercado dos produtos resultantes da inovação. Esse protagonismo empresarial implica responsabilidades, mas exige, por outro lado, instrumentos públicos desenhados com clareza, de acordo com as necessidades e imperativos para fazer da inovação uma ferramenta real de alavancagem da economia do país. Esse é o consenso que precisamos atingir.

Wellington Freire é presidente da empresa vencedora do prêmio Finep "Pequena Empresa mais Inovadora do Brasil" em 2010.
Fonte: http://www.protec.org.br/artigos_detalhe.php?id=418&Um consenso sobre a inovação tecnológica no Brasil

Volks vai investir R$ 360 milhões para ampliar fábrica de Taubaté

Volks vai investir R$ 360 milhões para ampliar fábrica de Taubaté 21 de Fevereiro de 2011

A Volkswagen vai investir R$ 360 milhões para ampliar a capacidade da fábrica de Taubaté, com a construção de uma nova área de pintura. A produção diária da fábrica passará de 1.050 para 1.300 veículos, quando a ampliação for concluída.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (18/02) pelo presidente da montadora, Thomas Schmall, durante evento de lançamento da pedra fundamental da nova área, que terá 65 mil metros quadrados e deve iniciar suas operações a partir de dezembro de 2012.

A fábrica de Taubaté emprega atualmente 5.200 funcionários e completa neste ano 35 anos de atividade. A montadora prevê novas contratações para a nova ala de pintura, mas não detalha números. No ano passado, a fábrica de Taubaté atingiu seu recorde de produção, com 280 mil automóveis. Na unidade, são feitos o Novo Gol e Novo Voyage.

A linha de pintura é a que exige maior investimento no processo produtivo de uma montadora. Os preparativos para a operação vão durar dois anos. O investimento no projeto está inserido no plano de R$ 6,2 bilhões anunciado pelo grupo para o período de 2010 a 2014.

Para resolver os gargalos em sua produção, a Volks também fez investimentos no setor de pintura da fábrica de São Bernardo do Campo (ABC paulista), em dezembro passado, que ampliarão a capacidade de produção diária em 23%.

"A tecnologia que será usada em Taubaté é mais avançada e está alinhada com a que existe em países como Alemanha e Estados Unidos. Os processos e equipamentos usados emitem menos poluentes e consomem menos energia", disse Schmall.

A nova área de Taubaté, totalmente automatizada, terá 70 robôs que trabalharão na pintura interna e externa dos carros. Com a tecnologia, será eliminada uma camada de tinta do processo e uso de tinta à base de água, o que diminui o uso de solventes.

Novos modelos

A Volks estima aumentar a produção entre 5% e 6% neste ano. Em 2010, foram a montadora fabricados 823 mil no Brasil. Também mantém os planos de fazer 23 lançamentos, incluindo novos modelos e reestilizados. Uma das prioridades da Volks deve ser um novo modelo de carro popular para atrair os consumidores jovens. Hoje o carro mais barato da montadora é o Gol G4, que custa por volta de R$ 26 mil.

"O segmento de carros populares tem cerca de 7% de participação de mercado e pode dobrar nos próximos anos. Temos de ter produtos para esse público", disse Schmall.

"Desmontadoras"

Durante o evento, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, disse que o Governo quer formar uma parceria com as montadoras e a Anfavea (associação de montadoras), para um projeto de reciclagem de automóveis.

"A ideia é reaproveitar o aço e outras peças, reciclar e gerar novos negócios. É uma forma de baratear custos para os fabricantes de veículos, além de investir na área ambiental. Hoje existem 100 mil carros entupindo os pátios de São Paulo e contaminado o solo", disse.

"Os investimentos são feitos sempre para abrir novas fábricas, novas montadoras. Queremos propor parcerias para criar 'desmontadoras'", completou.

Um dos primeiros passos é criar "pátios legais", onde os carros apreendidos irregularmente (fora dos padrões ambientais ou com débitos) possam ser alojados e reutilizados. Hoje, 35% da frota está fora dos padrões de inspeção veicular e segurança, estima o vice-governador. O primeiro pátio deverá ser criado neste ano em caráter experimental na cidade de São Paulo.


(Fonte: Folha de S. Paulo - 18/02/2011)
http://www.protec.org.br/noticias_detalhe.php?id=17327

Ciência e Tecnologia perde R$ 1,7 bilhões com corte no Orçamento

Ciência e Tecnologia perde R$ 1,7 bilhões com corte no Orçamento21 de Fevereiro de 2011

O Ministério da Ciência e Tecnologia responderá por cerca de R$ 1 bilhão do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União deste ano. O número foi definido ontem entre o ministro Aloizio Mercadante e a presidente Dilma Rousseff. O ministério vai perder R$ 610 milhões para investimentos e R$ 353,6 milhões para custeio.

Além disso, a pasta não receberá R$ 713 milhões previstos em emendas parlamentares. Esse montante foi vetado pelo Executivo. Com o valor das emendas, a perda chega a R$ 1,7 bilhão.

O Orçamento aprovado pelo Congresso para a Ciência e Tecnologia foi de R$ 7,4 bilhões. O valor inicial enviado aos congressistas foi de R$ 8,1 bilhões, porque estavam incluídas emendas que, se sancionadas pela presidente, entrariam na rubrica de pagamento obrigatório.

Dilma decidiu vetar essas emendas que, entre todos os ministérios, somavam cerca de R$ 1,1 bilhão. Com o corte previsto, o Ministério de Ciência e Tecnologia terá Orçamento de cerca de R$ 6,4 bilhões para este ano. Poderá contar com R$ 200 milhões adicionais em emendas parlamentares que o Executivo não passou a tesoura. No ano passado, o Orçamento da pasta foi de R$ 7,8 bilhões.

Dilma conversou nos últimos dias com Mercadante e Nelson Jobim (Defesa) para tratar dos cortes. O Orçamento da Defesa perderá 26,5% das receitas referentes a custeio e investimento. A ministra Miriam Belchior (Planejamento) anunciará na próxima semana como o Governo atingirá a meta de reduzir R$ 50 bilhões das despesas orçamentárias para este ano.
Fonte: http://www.protec.org.br/noticias_detalhe.php?id=17324

Editorial O Globo: Inovação é arma na disputa com chineses

Editorial O Globo: Inovação é arma na disputa com chineses 21 de Fevereiro de 2011

Desde 2009 a China assumiu a posição de maior parceiro comercial do Brasil em valores transacionados (o segundo lugar é ocupado pelos Estados Unidos, posto já ameaçado pelo terceiro, a Argentina). As exportações deram um salto, mas as importações cresceram relativamente até mais, de modo que o saldo comercial em favor do Brasil acabou permanecendo inalterado, no patamar de US$5 bilhões.

O Brasil exporta para a China matérias-primas e produtos básicos, tais como minério de ferro, soja em grão e petróleo cru. E vem importando bens intermediários e produtos acabados, entre os quais se destacam os relacionados a incrementos de produção e melhorias na infraestrutura (máquinas e equipamentos, navios, trens de passageiros etc.). Embora o consumidor brasileiro já observe nas prateleiras das lojas muitos produtos made in China (ficando até com a sensação que estão dominando o mercado), esses bens ainda representam aproximadamente 10% do total das importações feitas daquele país.

A economia chinesa cresceu incrivelmente nas três últimas décadas, a ponto de ultrapassar o Japão, em 2010, como a segunda maior do mundo. Com uma população que supera a de todos os países das Américas e da Europa juntos, a China viu seu modesto mercado interno minguar ainda mais no período da barbárie maoísta.

A partir de Deng Xiaoping, o pragmatismo passou a ser a marca da política econômica chinesa. O sucesso de Hong Kong, então colônia britânica, extrapolou para áreas vizinhas em território chinês, que se tornaram zonas econômicas especiais, modelo depois estendido a todo o litoral. As exportações alavancaram a economia chinesa, que, graças a uma capacidade de formação de poupança doméstica sem paralelo na história, começou a investir velozmente em infraestrutura.

O resultado é conhecido: a China assumiu o papel de locomotiva da economia mundial. A demanda chinesa é hoje fator preponderante na determinação dos preços da imensa maioria dos produtos transacionados no planeta.

A China se transformou em uma espécie de fábrica do mundo. É um dragão econômico difícil de ser batido, pois produz em grande escala e a custos reduzidos. Não é possível competir com os chineses de maneira ingênua, pois o sistema político do país permite que as autoridades restrinjam o funcionamento dos seus mercados domésticos quando isso já não lhes interessa. As regras internacionais e a legislação brasileira admitem a adoção de medidas de defesa comercial nos casos em que a competição desleal é mascarada por artifícios.

No entanto, diante dessa nova realidade não se pode apenas "jogar na retranca". Com inovação, conjugada a um esforço de aumento de produtividade, as empresas brasileiras terão condições de conviver com a agressividade chinesa. No mínimo, o Brasil precisa também tentar ampliar a sua pauta de exportações para a China, saindo de uma postura de acomodação. Reclamar só da concorrência chinesa de nada adiantará.


(Fonte: O Globo - 20/02/2011)
http://www.protec.org.br/noticias_detalhe.php?id=17321

Entrevista: Desindustrialização à brasileira: déficit tecnológico do País atinge recorde

Entrevista: Desindustrialização à brasileira: déficit tecnológico do País atinge recorde11 de Fevereiro de 2011

O déficit tecnológico da indústria brasileira vem crescendo significativamente. Em 2010, ele ficou em US$ 84,9 bilhões, superando em mais de US$ 20 bilhões, ou 33,2%, o resultado de 2008 - o pior registrado até então. Os dados são de levantamento da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC) com base nas contas do País disponibilizadas pelo Ministério do Desenvolvimento. O conceito de déficit tecnológico foi criado pelo diretor-geral da PROTEC, Roberto Nicolsky, com o objetivo de obter um indicador para verificar a competitividade dos segmentos industriais brasileiros de maior intensidade tecnológica no comércio exterior. Este indicador, que reflete a intensidade da dependência brasileira por tecnologia, inclui o saldo comercial dos grupos de alta e de média-alta tecnologia e das contas de serviços tecnológicos, como computação, royalties e aluguel de equipamentos.

Em entrevista, Nicolsky falou que a gravidade do déficit tecnológico registrado em 2010 revela a fragilidade da indústria brasileira, que enfrenta o risco de desindustrialização com a alta do real e o custo Brasil. Para ele, se a tendência se mantiver, o País perderá cada vez mais conteúdo tecnológico. O diretor da PROTEC disse ainda que a competitividade das empresas nacionais em produtos de alta e média-alta tecnologia é significativamente baixa em termos de mercado global e que as exportações de 2010, da ordem de US$ 45,2 bilhões, resultam mais das estratégias comerciais de multinacionais instaladas no País e menos de uma política de Governo para incentivar a inovação na indústria e as exportações de produtos de alto valor agregado.

O déficit tecnológico da indústria brasileira só faz crescer. Em 2010, ficou em US$ 84,9 bilhões, superando em mais de US$ 20 bilhões, ou 33,2%, o resultado de 2008. O que explica isso?

Roberto Nicolsky - A explicação está na conjugação perversa de fatores macroeconômicos - tais como o real valorizado, os juros altos e a elevada carga fiscal - com a falta de efetividade das políticas industriais, principalmente a questão da falta de barreiras tarifárias e não tarifárias (controles de conformidade com normas técnicas, qualidade e preços praticados pelos importadores) e do fomento ao desenvolvimento de inovações tecnológicas nas empresas, mecanismo este que dispõe ainda de poucos recursos e além de serem oferecidos de maneira inapropriada e inadequada. A maneira própria é oferecer recursos para os investimento em desenvolvimento tecnológico de inovações com o partilhamento dos riscos tecnológicos e empresariais entre Estado e a empresa, como fazem todos os países desenvolvidos e, especialmente, aqueles emergentes que estão lutando por um lugar ao sol num cenário mundial previamente estabelecido. A nós ainda falta uma vontade política decidida. Há grandes expectativas de que o atual governo finalmente assuma essa decisão definitivamente.

A trajetória de valorização do real, a partir de 2006, tem alguma relação com o agravamento do déficit tecnológico no País?

Roberto Nicolsky - Certamente, embora o déficit tecnológico venha crescendo já há algum tempo. A valorização do real agravou o quadro de desagregação das cadeias produtivas nacionais por tornar os produtos importados, notadamente da China, extremamente competitivos. Assim, cria-se o paradoxo de que a produção industrial cresce, mesmo em volume, mas seu valor agregado nacional diminui, cedendo uma parcela cada vez maior do mercado interno aos produtos importados finalizados ou aos seus componentes.

Com os dados de gravidade do déficit tecnológico registrado em 2010, podemos dizer que a indústria brasileira enfrenta o risco de desindustrialização?

Roberto Nicolsky - É preciso não ter meias palavras e compreender que a indústria está em processo de desindustrialização de uma forma peculiar à nossa economia. Uma desindustrialização à brasileira. Ou seja, como dispomos de um grande mercado interno em fase de sólido crescimento da demanda, a atividade industrial, como um todo, cresce e dá argumentos aos céticos, que alegam normalidade ou um movimento natural. Ao se analisar profundamente o atual cenário, vemos que a quebra de cadeias produtivas por componentes importados está acarretando a desarticulação dos fornecedores e desativação de partes do processo produtivo. Daí resulta uma perda de conteúdo tecnológico, representado pela acumulação de experiências produtivas específicas, e o desaprendizado. Passados alguns anos, essa competência tecnológica fica perdida não só pela perda da memória, mas, principalmente, pela obsolescência compulsória.

Como você avalia a competitividade das empresas nacionais em produtos de alta e média-alta tecnologia em termos de mercado global?

Roberto Nicolsky - Ainda temos alguns nichos que preservaram a competência tecnológica por características específicas, tais como processarem matéria prima nacional (celulose de eucalipto, por exemplo), ou por já atuarem globalizados e poderem transferir a produção para filiais externas (multinacionais de eletrônica e telecomunicações etc.) com moeda menos valorizada. Para os demais setores da indústria de média-alta e alta intensidade tecnológica está havendo um verdadeiro massacre pelos produtores chineses desses produtos e componentes que os oferecem até para produzir com a nossa própria marca.

O que falta para uma política de governo eficaz que incentive a inovação na indústria e as exportações de produtos de alto valor agregado?

Roberto Nicolsky - Primeiramente, é preciso redefinir as variáveis macroeconômicas para reduzir os juros básicos e, assim, conter o efeito de atração de divisas. Atuar firmemente na defesa do mercado interno com os mecanismos tarifários e não tarifários disponíveis e isentar as exportação de qualquer tributo com liberação imediata dos benefícios fiscais. Por outro lado, é indispensável desonerar completamente os investimentos, para estimular as empresas ao crescimento da oferta e controlar a inflação, e dar um verdadeiro choque de inovação através do compartilhamento universal dos investimentos em inovação entre Estado e empresas para incorporar aos nossos produtos as qualidades competitivas dos importados e, com o tempo, melhorá-las competitivamente. É preciso lembrar sempre que o maior beneficiários dos investimento não é a empresa que corre o risco ao desenvolvê-los, pois a sua expectativa de benefício é o lucro que, em média, é de 8% da agregação líquida de valor, enquanto o Estado se apropria da sua carga fiscal (hoje 37%, em média) antes mesmo da apuração de lucro. É claro que isso é perverso com a empresa e desestimula qualquer iniciativa de inovação sistemática, a menos que esse Estado se torne parceiro através dos mecanismos de fomento. E isso ainda é um grande obstáculo entre em nossa cultura.


(Fonte: Revista Tic Mercado - 09/02/2011)

Edital Senai Sesi Inovação terá nova chamada em março10 de Fevereiro de 2011

O Edital Senai Sesi de Inovação 2011 deve ser lançado até o dia 15 de março, com um aumento significativo de recursos disponíveis, que crescem de R$ 15 milhões para R$ 26 milhões, reflexo dos resultados positivos obtidos nas edições anteriores. O teto das propostas passará de R$ 200 mil para R$ 300 mil e não haverá valor mínimo, o que favorece micro e pequenas empresas. Segundo o Senai, o edital é aperfeiçoado a cada ano visando garantir a entrada da inovação no mercado.

Edital Senai Sesi Inovação terá nova chamada em março10 de Fevereiro de 2011

Alysson Andrade Amorim, do Senai: aumento dos recursos reflete bons resultados do edital
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Social da Indústria (Sesi) se preparam para lançar o Edital Senai Sesi Inovação 2011. A previsão é que a chamada saia em 15 de março. As empresas terão até maio para negociarem projetos de inovação tecnológica com as unidades estaduais das duas instituições, responsáveis por apresentar, em parceria, a proposta para a comissão avaliadora nacional. A boa notícia este ano é o considerável acréscimo no orçamento, que pulou de R$ 15 milhões para R$ 26 milhões, com a expectativa de movimentar o total de R$ 50 milhões, juntando recursos do Senai, Sesi, bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e contrapartidas das empresas e das unidades estaduais.

"O aumento dos recursos em 2011 reflete os resultados já obtidos pelo edital. O Senai e o Sesi percebem os impactos econômicos dos projetos, mesmo com o orçamento limitado, se comparado com o de outros programas", conta Alysson Andrade Amorim, analista de desenvolvimento industrial do Senai Nacional. O órgão dobrou sua participação, chegando a R$ 16 milhões. O objetivo de disponibilizar mais recursos consiste tanto em ampliar o número de empresas atendidas - que deve chegar a 90 - quanto o aporte por projeto.

Por isso, o teto das propostas passará de R$ 200 mil para R$ 300 mil, sem valor mínimo, o que favorece as micro e pequenas empresas. No caso de projetos apresentados por Senai juntamente com Sesi, o limite máximo será de R$ 400 mil. A contrapartida mínima das empresas e de cada unidade regional equivalerá a 5% do valor total do projeto e quanto maior forem as contrapartidas, maior serão os pontos na avaliação.

De olho no mercado

A cada edição, o Senai busca inserir no processo do edital normas ou procedimentos que visem garantir a entrada da inovação no mercado. Agora, o sistema interno informatizado usado pelas unidades regionais para a submissão de projetos terá planilhas com campos específicos que tornam obrigatório o fornecimento de informações como especificações técnicas, análise de custeio, fluxo de caixa e precificação. O método ajudará os técnicos a avaliarem a real viabilidade econômica da proposta.

Para que as equipes estejam bem preparadas para divulgar o edital e receberem as empresas, será oferecido um workshop nos dias 23 e 24 fevereiro, em Brasília, para os representantes do Senai e do Sesi de cada estado. Eles terão a função de coordenar a chamada regionalmente, sendo, inclusive, os profissionais de atendimento às empresas. A lista com os contatos dos representantes será divulgada na chamada.

A parceria entre unidade regional - que presta consultoria e apoio tecnológico durante todo o projeto - e empresa é o fator de sucesso do Edital Senai Sesi Inovação. Os projetos também contam com suporte de bolsistas do CNPq, que contribuem com a experiência acadêmica.

Segundo estudo feito em 2010 pela Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC) em 15 estados brasileiros, 33% das companhias que criaram projeto para o edital com base em demanda de mercado conseguiram obter sucesso comercial com produtos ou processos. O índice cresce para 57% quando as empresas apresentam plano de negócios. "O apoio técnico regional oferecido às empresas é um diferencial deste edital, ajudando na melhoria de produtos e processos, ou na criação de novas metodologias, no caso da inovação social priorizada pelo Sesi", conta Amorim.
Edital Senai Sesi Inovação terá nova chamada em março10 de Fevereiro de 2011

Como o desenvolvimento é acompanhado pelos técnicos, as instituições constantemente têm insumos para melhorar a chamada a cada ano. Além disso, a comissão avaliadora informa a pontuação e os motivos da não aprovação, quando é o caso. "Acontece de projetos não serem aprovados em um ano, mas no seguinte eles são aperfeiçoados e passam", afirma.

Acompanhe as novidades sobre o Edital Senai Sesi de Inovação 2011 no site do Senai Nacional: www.senai.br.


(Fonte: Natália Calandrini para Notícias Protec - 10/02/2011)
http://www.protec.org.br/senai_detalhe.php?id=17250

Bloco verde pavimenta o caminho para construções sustentáveis

Bloco verde pavimenta o caminho para construções sustentáveis
Santa Catarina produz aproximadamente 12 mil toneladas de ostras e mariscos por ano e a maior parte deles são consumidos no estado, o que implica em montes de conchas nos aterros sanitários. O de Biguaçu, por exemplo, estará lotado em 7 anos. A boa notícia é que com cada tonelada de conchas são fabricados 4 mil blocos para construção civil, suficientes para construir uma casa de 120 m2.

O aproveitamento do que antes era considerado resíduo e ia para o lixo foi viabilizado por recursos do Programa de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas (Pappe). Em sua última chamada pública, o Pappe disponibilizou quase R$10 milhões às propostas selecionadas, sendo R$6.535.215,90 provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc) entrou com R$1,5 milhão e o mesmo valor foi bancado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/SC).

Pouco mais de R$212 mil foram destinados ao projeto Bloco Verde, que resultou em diferentes tipos de blocos, quatro deles usados no calçamento da Avenida Rubens de Arruda Ramos (a Beira Mar de Florianópolis). "Eles absorvem menos água e são cerca de 30% mais resistentes que os blocos e pavimentos inter-travados convencionais", diz Bernadete B. Batista, idealizadora do projeto.

Apresentado na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), seu Trabalho de Conclusão de Curso em Engenheira Ambiental, deu início a uma série de experimentos para reduzir o uso do cimento e outros materiais na construção civil. Deixar de usar areia e pó de pedra na produção de blocos evita escavações desnecessárias e preserva os morros catarinenses. "Além disso, estamos dando uma solução para resíduos que são um problema para a Grande Florianópolis", acrescenta Luiz Francisco Teixeira Marcondes, um dos diretores da Blocaus Pré-Fabricados Ltda, sediada em Biguaçu.

Levar montanhas de cascas para a empresa requer parcerias, como a que foi proposta à Prefeitura Municipal de Florianópolis. "A gente já tem um convênio com a Prefeitura de São José, e os seus caminhões recolhem as conchas das áreas de maricultura do município e trazem para nossa empresa. Nossa empresa busca conchas na Fazenda Marinha Atlântico Sul, uma vez por semana", explica Bernadete. "Os maricultores ficam felizes quando o caminhão chega para pegar as conchas, porque eles não têm o que fazer com tantos resíduos. Acabam jogando-as no mar ou em terrenos baldios, o que causa problemas sociais e ambientais, como o assoreamento das praias."

Ecológico, mas nem sempre verde

Apesar do nome, também há blocos amarelos, vermelhos e de outras cores, tingidos com corantes como urucum - cujo uso foi inspirado nas técnicas de coloração dos índios Guarani de Biguaçu. Eles podem ficar aparentes, dispensando pintura e reduzindo o custo da obra. Uma casa e a estrutura da Apae em Rancho Queimado, Escola do Mar de São José foram erguidas e pavimentadas com doação de blocos da Blocaus, responsável ainda pelo fornecimento de blocos ao Floripa Shopping, Shopping Via Catarina e a dois outros shoppings (em Balneário Camboriú e Curitiba - esta última tem uma filial da Blocaus).

"Fizemos todos os testes possíveis, em 3 cidades diferentes, obtivemos o selo de qualidade e 10 prêmios ambientais", afirma Bernadete, que atualmente cursa uma segunda graduação, em Engenharia Civil, e faz pós-graduação em Arquitetura Sustentável e Bioclimática, ambas na Unisul.

Ela promoveu o Seminário do Projeto Bloco Verde, em 2009, para apresentar a evolução das pesquisas. "A gente quer repeti-lo uma vez por ano, para mostrar o que está sendo feito com o dinheiro do Pappe", anuncia. Só falta uma parcela, sendo que com as duas anteriores ela comprou maquinário para triturar conchas, inclusive um moinho. "Antes eu mesma moía tudo a mão," lembra.

Muito do trabalho ainda é manual: tirar o sal e a matéria orgânica incrustada nas conchas ficou a cargo de um dos 46 funcionários da Blocaus. A maioria deles se ocupa da produção diária de 15 mil blocos, mas para não perder o contato com a proposta ecológica da empresa, eles têm noções de educação ambiental toda sexta-feira. E não são os únicos: "Também falamos nas escolas sobre a importância da reciclagem. As crianças até fazem blocos ecológicos e plantam árvores aqui na empresa", ressalta a engenheira ambiental Mara Viviane dos Santos. Duas outras pesquisadoras participam dos estudos: Dra. Paola Egert Ortiz e Dra. Heloisa T.Silva, ambas professoras da Unisul.

"As empresas que não pensarem em reciclar alguma coisa, vão perder a concorrência para quem tem este diferencial", diz o diretor Aparecido Alves Lopes. "Nós acreditamos bastante nisso."

Com base na idéia de que quase tudo pode ser reaproveitado, restos de pranchas de surf, resultantes da lixação, vem servindo para fazer blocos leves, que favorecem a acústica dos ambientes nos quais são empregados. E a novidade mais promissora na Blocaus é um bloco drenante, especialmente útil para prevenir alagamentos por filtrar o lixo e deixar passar a água acumulada em pavimentos. Ele está em fase de testes e tem tudo para ser utilizado em locais suscetíveis à formação de poças ou sofrer enchentes.

Colocar no mercado um produto inovador é um desafio para pequenas empresas. “Elas têm dificuldades por não terem setores de P&D, necessários para surgirem inovações. O Pappe vem para consolidar isso”, conclui Deborah Bernett, coordenadora de projetos da Fapesc. De um total de 35, 29 deles são geridos pela Fundação. As pesquisas transcorrem em cidades tão diversas quanto Blumenau e Agrolândia, e devem terminar em 2011.

Fonte: Sebrae/SC – 26/01/201
http://www.protec.org.br/casos_sucesso_detalhe.php?id=175

Na roda dos biocombustíveis

Na roda dos biocombustíveis24 de Janeiro de 2011

No Brasil, onde hoje mais de 90% dos carros produzidos são do modelo flex fuel (que permite ao motorista rodar com mais de um combustível), a crescente expansão dessa frota nacional e também das exportações levará ao aumento da produção de etanol em 36,5 milhões de litros nos próximos dez anos. A produção total em 2019 deve chegar a 64 milhões de litros - quase duas vezes e meia o que é produzido hoje, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2019, divulgado em maio pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Outro combustível que tem recebido grandes investimentos, inclusive da Petrobras, é o biodiesel, cuja produção deve atingir 2,4 bilhões de litros este ano, o que representa um aumento de 50% em relação a 2009, de acordo com o Ministério da Agricultura. O crescimento se deve, em grande parte, à obrigatoriedade de se agregar biodiesel no diesel comum a partir do início deste ano.

Expansão mundial

De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, o cenário atual da produção de biocombustíveis aponta os Estados Unidos, Brasil, Alemanha, França e China como os maiores produtores mundiais. Juntos, Brasil e Estados Unidos respondem por mais de 50% da produção de biocombustíveis - basicamente, etanol e biodiesel.

Hoje, a demanda externa de etanol ainda é pequena e, em termos de exportação, representa apenas 15% da nossa produção. Porém, a tendência é de crescimento no uso de biocombustíveis nos Estados Unidos e na Europa, principalmente devido às metas de redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE).

Na União Europeia, por exemplo, a partir de 2020 os países terão que ter 10% de renováveis na sua matriz de transporte. Porém, para que isso aconteça, é preciso que as tarifas de importação para o etanol brasileiro sejam retiradas em locais como os Estados Unidos, União Europeia e Japão, os principais mercado desse energético que começou a ser usado pioneiramente no Brasil há 40 anos.

Inovação tecnológica

A indústria vem injetando recursos em novas tecnologias na área de biocombustíveis. As biorrefinarias estão sendo desenvolvidas em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Os benefícios econômicos e ambientais dessas unidades de refino são inúmeros, como a substituição do óleo diesel por biomassa, que pode gerar uma economia de milhões de dólares ao ano, além de diminuir a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera.

As tecnologias já desenvolvidas permitem a obtenção de subprodutos como a nanocelulose, com a qual é possível fabricar não apenas fibra para papel, mas também fibra têxtil, polímeros, filmes e géis empregados como aditivos em alimentos. Até mesmo materiais antes considerados resíduos, como galhos, copas e raízes de árvores são reaproveitados, resultando em combustíveis como o etanol e a lignina, que substituem o carvão nos fornos de cal das indústrias de celulose e papel.

De acordo com estudos realizados pelo grupo sueco Innventia, líder mundial em pesquisa e desenvolvimento de celulose, papel, embalagens e biorrefino, o custo total para a implantação de uma usina de biorrefinaria com capacidade para 50 mil toneladas de lignina por ano pode chegar a US$ 18 milhões.

Outra frente de desenvolvimento tecnológico é a produção do etanol celulósico, feito a partir do bagaço de cana. A utilização do bagaço irá aumentar significativamente a produção e ainda reduzirá os custos. Além disso, já está sendo pesquisado o uso de etanol na aviação, o que seria muito benéfico para o meio ambiente, já que os aviões são grandes poluidores, por utilizarem diesel como combustível.

Etanol: pioneirismo brasileiro

A partir da crise do petróleo, nos anos 1970, o governo brasileiro criou o programa Pró-álcool. Com forte investimento do governo, na época, em tecnologia e subsídios para as usinas produtoras do combustível, a indústria automobilística e os consumidores foram na onda do novo produto, adaptando os motores dos veículos para receber o álcool combustível.

Em 1986, o carro a álcool ganhou o gosto dos brasileiros, que compraram em sua maioria veículos que rodavam com o novo combustível. No entanto, o consumo de álcool apresentou uma queda gradual, devido à escalada do preço internacional do açúcar, o que desestimulou a fabricação desse insumo. Com o produto escasso no mercado, o governo passou a importar etanol dos Estados Unidos, em 1991, ao mesmo tempo que ia retirando os subsídios à produção, o que promoveu a quase extinção do Pró-álcool.

Além desses problemas mercadológicos, a queda no uso desse biocombustível deveu-se também a problemas técnicos nos motores a álcool, incapazes de um bom desempenho nos períodos frios.

Porém, no início dos anos 2000, com a alta dos preços do petróleo e consequentemente dos combustíveis na bomba dos postos, o governo voltou a investir na produção de álcool para veículos. O resultado foi um grande sucesso do agora popularizado etanol, com mais de 90% dos carros saindo das fábricas preparados para receber o produto.

A grande vantagem dessa nova era do etanol é que os veículos recebem os dois tipos de combustíveis, álcool e gasolina, o que dá a garantia de longevidade ao programa, e a certeza de crescimento desse mercado.

Investimentos crescentes

O crescimento dos biocombustíveis deve-se muito aos investimentos das empresas. De 2006 a 2009, mais de cem usinas foram construídas, consumindo mais de US$ 20 bilhões. As empresas nacionais e estrangeiras estão de olho no crescente movimento do setor de biocombustíveis no Brasil. Somente a Petrobras planeja alocar em torno US$ 3,5 bilhões nos próximos quatro anos, na produção, infraestrutura e pesquisa de etanol e biodiesel.

Segundo Miguel Rosseto, presidente da Petrobras Biocombustível, a agenda destes produtos está em franco crescimento e o século 21 será o da transição energética, com o uso cada vez maior de fontes renováveis. Ele confirma que Estados Unidos, Brasil, Europa e China serão os grandes consumidores de energias renováveis nos próximos anos.

No fim de abril, a Petrobras aportou R$ 1,6 bilhão para obter o controle de 45,7% no capital da Açúcar Guarani, quarta maior processadora de cana no país e que é controlada pela francesa Tereos Internacional.

De olho no incremento da sua participação na produção de biocombustíveis, a Shell fez uma joint venture com a Cosan, gigante nacional produtora de etanol, na qual vai investir cerca de US$ 1,5 bilhão. A intenção da companhia petrolífera anglo-holandesa é fazer do Brasil sua plataforma de distribuição de biocombustíveis para o resto do mundo. No total, o acordo, estimado em US$ 12 bilhões, prevê a criação de duas subsidiárias.

A Shell investe também em tecnologia, com quatro centros de pesquisa exclusivos para biocombustíveis no mundo. Com a formação da joint venture com a Cosan, tudo leva a crer que haverá um projeto semelhante no Brasil. "Achamos que há um grande potencial para o etanol brasileiro de cana-de-açúcar. O mundo já percebeu que o Brasil criou, nos últimos anos, um mercado de biocombustíveis bastante competitivo", afirmou Mark Gainsborough, vice-presidente de Estratégia, Portfólio e Energia Alternativa, do Grupo Shell.


(Fonte: TN Petróleo - janeiro/fevereiro 2011)
http://www.protec.org.br/politicas_publicas_detalhe.php?id=17068&Na%20roda%20dos%20biocombustíveis

Sergipe lança o Programa Inova-SE, voltado para pesquisa e inovação em empresas

Sergipe lança o Programa Inova-SE, voltado para pesquisa e inovação em empresas 18 de Janeiro de 2011

No último dia 10, o governador de Sergipe, Marcelo Déda, lançou oficialmente o edital do Programa de Apoio à Inovação nas Empresas Sergipanas (Inova-SE), que financiará atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores para as empresas.

Durante o encontro, realizado na Federação das Indústrias de Sergipe (Fies), Déda também anunciou a instalação de 14 novas indústrias no estado, que somam um investimento de R$ 46,6 milhões e vão gerar 543 empregos diretos.

O programa Inova-SE foi criado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE), em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Turismo (Sedetec), o Sergipe Parque Tecnológico (Sergipetec), o Sebrae/SE e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

Aprovado através de proposta submetida à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o programa oferecerá financiamento às empresas sergipanas com recursos do Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pappe Integração).


(Fonte: Gestão C&T - 18/01/2011)

Empresa de São Paulo lança calçado com ventilação

Empresa de São Paulo lança calçado com ventilação21 de Janeiro de 2011

Lançada na Couromoda 2011, em São Paulo, a Nevano Ventilator promete refrescar os pés dos homens brasileiros. Desenvolvida com tecnologia testada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a nova linha da Nevano, uma pequena indústria de calçados de Franca (SP), possui no solado um sistema que funciona como um pequeno ventilador interno, que não deixa o pé ficar suado.

"Conforme você anda, esse sistema faz com que o ar entre e saia do calçado. Ele também ajuda a evitar mau cheiro e combate frieiras e outras doenças", diz Diego Ferreira, sócio da empresa. O calçado é revestido por couro dentro e fora e deve chegar ao consumidor final por um preço médio de R$ 160 já em fevereiro.

A Nevano está há 18 anos no mercado. De acordo com Ferreira, inovar sempre foi preocupação da empresa. Já lançou no mercado os sapatos anti-estresse, entre outros modelos. A marca produz 600 pares por dia, emprega 70 pessoas, entre funcionários diretos e indiretos, e possui 14 mil clientes cadastrados.

A Nevano é uma das 48 empresas que participaram do estande coletivo de Franca na Couromodas, evento encerrado nesta quinta-feira (20/01), em São Paulo, e que teve o apoio do Sebrae. A Nevano também já contou com o suporte do Sebrae em seus processos de gestão. "Nosso objetivo com tudo isso é crescer em 2011 cerca de 20%. Por isso, estamos aumentando o investimento em publicidade e inovação", afirma Diego Ferreira.


(Fonte: Agência Sebrae de Notícias - 21/01/2011)
http://www.protec.org.br/senai_detalhe.php?id=17055

Multinacionais: mais P&D no Brasil

24 de Janeiro de 2011

As multinacionais Halliburton, prestadora de serviços para exploração e produção de petróleo, e TenarisConfab, fabricante de tubos de aço, vão construir unidades de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor de petróleo e gás no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As empresas assinaram em dezembro de 2010 o contrato para concessão de uso de área.

A chegada das empresas confirma a vocação do Parque da UFRJ nessa área, que já conta com empresas como Schlumberger, FmC, Baker Hughes e Usiminas.

A previsão é que as obras sejam iniciadas no segundo semestre de 2011 e sejam concluídas até o final de 2012. A Halliburton, que ocupará um terreno de 7 mil m², investirá de US$ 10 a 15 milhões na construção do centro de pesquisa, que terá como foco a caracterização e o monitoramento de reservatórios, além da produtividade, construção e completação de poços de petróleo. A empresa pretende desenvolver soluções para estimulação e performance de poços, área eletrônica e desenvolvimento de softwares em 3D e visualização.

Já a TenarisConfab ocupará um terreno de 4 mil m², no qual vai construir seu quinto centro de P&D no mundo, destinado aos setores de petróleo e gás, mineração, construção civil e automobilística. O novo centro terá investimentos de US$ 21 milhões, e tem por objetivo desenvolver novas tecnologias para soldagem de tubos, testes e simulações para tubos de grande diâmetro e estudos de revestimentos metálicos de polímeros.

Além disso, haverá um setor para cuidar especificamente das conexões Premium TenarisHydril, destinadas a operações de perfuração de poços de P&G. Os outros centros de pesquisa da TenarisConfab estão localizados na Argentina, México, Itália e Japão.

Em janeiro de 2011, haverá novo processo seletivo para as três últimas vagas voltadas para a ocupação de empresas de grande porte no Parque Tecnológico, que foi inaugurado em 2003 tendo como meta estimular a interação entre a universidade - seus alunos e corpo acadêmico - e empresas que fazem da inovação o seu cotidiano. São 350 mil m² para abrigar empresas de setores intensivos em diferentes áreas de conhecimento.


Fonte: TN Petróleo - janeiro/fevereiro 2011)
http://www.protec.org.br/senai_detalhe.php?id=17067

Sergipe lança o Programa Inova-SE, voltado para pesquisa e inovação em empresas

Sergipe lança o Programa Inova-SE, voltado para pesquisa e inovação em empresas 18 de Janeiro de 2011

No último dia 10, o governador de Sergipe, Marcelo Déda, lançou oficialmente o edital do Programa de Apoio à Inovação nas Empresas Sergipanas (Inova-SE), que financiará atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores para as empresas.

Durante o encontro, realizado na Federação das Indústrias de Sergipe (Fies), Déda também anunciou a instalação de 14 novas indústrias no estado, que somam um investimento de R$ 46,6 milhões e vão gerar 543 empregos diretos.

O programa Inova-SE foi criado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE), em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Turismo (Sedetec), o Sergipe Parque Tecnológico (Sergipetec), o Sebrae/SE e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

Aprovado através de proposta submetida à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o programa oferecerá financiamento às empresas sergipanas com recursos do Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pappe Integração).


(Fonte: Gestão C&T - 18/01/2011)
http://www.protec.org.br/editais_detalhe.php?id=17012

Resolver backlog de patentes é prioridade do INPI

19 de Janeiro de 2011

O problema é mundial, mas a solução pode começar por aqui. Ao definir a solução do backlog como um dos projetos prioritários até 2015, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) se compromete, neste período, a resolver a questão do atraso e atingir a meta de conceder patentes com qualidade num prazo de quatro anos. A lista dos projetos prioritários foi divulgada em resolução interna do dia 13 de janeiro de 2011.

Para alcançar o objetivo na área de patentes, o INPI aposta na contratação de pessoal, na revisão de procedimentos internos e em outro projeto estratégico, a criação do sistema eletrônico e-Patentes, que está em fase de implantação interna e deverá chegar ao público em 2012.

Os projetos estratégicos também contemplam os outros serviços do INPI. Entre eles, podem ser citados: o aperfeiçoamento do e-Marcas; a revisão dos procedimentos de apoio à transferência de tecnologia; e o plano de criação e promoção das Indicações Geográficas brasileiras e sulamericanas.

Para melhorar cada vez mais os serviços do INPI, também podem ser mencionados: o fortalecimento da infraestrutura de tecnologia da informação e a implantação do Programa de Qualidade do Instituto.

Os projetos também incluem ações para ampliar o ensino de propriedade intelectual, monitorar tecnologias em áreas estratégicas, atrair investimentos em P&D para o País e ampliar a integração dos sistemas de PI na América do Sul.

Internamente, o INPI irá trabalhar na revisão de suas normas técnicas e administrativas, além da ampliação e modernização das instalações físicas da Autarquia.

Fonte: INPI – 19/01/2011)
http://www.protec.org.br/patentes_detalhe.php?id=17039

Proposta cria política nacional de acesso a medicamentos

19 de Janeiro de 2011
Proposta cria política nacional de acesso a medicamentos19 de Janeiro de 2011

A Câmara analisa o Projeto de Lei 8044/10, do Senado, que institui a Política Nacional de Medicamentos, com o objetivo de assegurar o acesso da população a medicamentos e promover seu uso racional.

A proposta, do senador Papaléo Paes (PSDB-AP), estabelece uma série de diretrizes para essa política. Entre elas, o uso da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) como referência para o direcionamento da produção farmacêutica; o desenvolvimento científico e tecnológico do setor; a regulação sanitária de medicamentos; e a definição de listas de medicamentos essenciais.



Também faz parte dessas diretrizes a cooperação entre os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), nas três esferas de governo, no que diz respeito ao financiamento e execução de atividades relativas à Política Nacional de Medicamentos.



Remédios essenciais



A Rename é uma publicação do Ministério da Saúde que cita os medicamentos necessários ao tratamento das doenças que mais atingem a população brasileira. Segundo o projeto, a Rename deverá ser atualizada regularmente, em intervalos não superiores a dois anos. Os medicamentos listados deverão estar continuamente disponíveis.



Protocolos



Pela proposta, serão estabelecidos protocolos clínicos para doenças ou agravos à saúde considerados relevantes em termos de saúde pública. Esses protocolos deverão conter:

- os critérios utilizados nos diagnósticos;

- o tratamento preconizado, compreendendo medicamentos e demais produtos apropriados;

- as posologias recomendadas;

- os mecanismos de controle clínico;

- o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos.



O texto torna obrigatória a denominação genérica dos medicamentos em editais, propostas, contratos e notas fiscais; nas compras e licitações públicas; nas prescrições; em embalagens, rótulos, bulas, prospectos, textos e demais materiais de divulgação e informação médica.



Desenvolvimento científico



Segundo o projeto, a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico na área farmacêutica deverá priorizar:

- medidas de apoio ao desenvolvimento de tecnologia de produção de medicamentos, especialmente os que constam da Rename;

- medidas de estímulo à produção nacional dos medicamentos constantes da Rename;

- pesquisas consideradas estratégicas para a capacitação e o desenvolvimento tecnológico nacional;

- pesquisas que busquem o aproveitamento do potencial terapêutico da flora e da fauna nacionais, com foco na certificação de suas propriedades medicamentosas;

- revisão das tecnologias de formulação farmacêutica;

- processo de revisão permanente da relação brasileira de medicamentos.



"A criação de uma política de medicamentos é necessária por conta das dimensões do mercado farmacêutico brasileiro - um dos cinco maiores do mundo, com vendas que atingem mais de 10 bilhões de dólares por ano, e que gera cerca de 50 mil empregos diretos, além de investimentos globais da ordem de 200 milhões de dólares", argumenta o senador Papaléo Paes.



Apesar disso, Paes afirma que a qualidade da assistência farmacêutica no País é insuficiente e desarticulada. "Observa-se a falta de prioridades na adoção, pelos prescritores, de produtos padronizados constantes da Rename; e a irregularidade no abastecimento de medicamentos, no nível ambulatorial", comenta.



"Essas situações demonstram a necessidade da promoção do uso racional de medicamentos, mediante a reorientação dessas práticas e o desenvolvimento de um processo educativo dirigido tanto para as equipes de saúde quanto aos usuários, bem como à segurança, eficácia e qualidade dos produtos colocados à disposição da população brasileira", conclui.



Tramitação



O projeto tramita em caráter conclusivoRito de tramitação pelo qual o projeto não precisa ser votado pelo Plenário, apenas pelas comissões designadas para analisá-lo. O projeto perderá esse caráter em duas situações: - se houver parecer divergente entre as comissões (rejeição por uma, aprovação por outra); - se, depois de aprovado ou rejeitado pelas comissões, houver recurso contra esse rito assinado por 51 deputados (10% do total). Nos dois casos, o projeto precisará ser votado pelo Plenário. e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.





(Fonte: Agência Câmara - 18/01/2011)
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=4022748151710530633

Produtos intensivos em tecnologia perdem espaço nas exportações

exportações19 de Janeiro de 2011

Levantamento realizado pela PROTEC na última semana constatou que a pauta de exportações brasileira apresenta acentuada queda de participação dos grupos de produtos mais intensivos em tecnologia. Em dez anos, o grupo de alta tecnologia reduziu sua fatia de 12% para apenas 4,6% no ano passado. Já o de média-alta tecnologia, que tinha participação de 21,2%, caiu para 18% no período. O governo vem acenando com possíveis ações para reverter o problema, por meio de barreiras às importações. Porém, a estratégia, se tomada de forma isolada, terá efeito restrito. Para que os produtos nacionais inovados ganhem peso no comércio exterior, o País precisa de soluções para o custo Brasil e para o incentivo ao desenvolvimento tecnológico na indústria. Apesar das boas intenções, ainda falta visão de longo prazo.


Produtos intensivos em tecnologia perdem espaço nas exportações19 de Janeiro de 2011

A pauta de exportações brasileira apresentou progressiva queda de participação dos grupos de produtos mais intensivos em tecnologia no período de dez anos. Foi o que constatou levantamento da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (PROTEC), com base em dados do Ministério do Desenvolvimento. O grupo de alta tecnologia, que representava 12% das exportações em 2001, no ano passado reduziu sua fatia para apenas 4,6%. Movimento semelhante foi registrado no grupo de média-alta tecnologia, que tinha participação de 21,2% e caiu para 18% no período. O grupo de média-baixa tecnologia teve queda de 17% do total de exportações para 14,6% em dez anos. O quadro revela o enfraquecimento da pauta de exportações brasileira, atualmente concentrada em cinco commodities, enquanto os bens industriais de maior valor agregado perdem espaço.

"Os números mais uma vez confirmam os reflexos danosos do câmbio sobrevalorizado, da falta de incentivos fiscais e da alta taxa de juros, que oneram a produção e tiram a competitividade do setor produtivo. Também expressam a baixa efetividade da política de incentivo à inovação na indústria. O País, devido ao estágio atual de desenvolvimento de sua indústria, precisa que o Estado assuma parte do risco inerente a toda inovação", defende o diretor-geral da PROTEC, Roberto Nicolsky.

Importações

O resultado das compras externas não é mais animador. Os produtos de alta tecnologia diminuíram sua participação nas importações, mas aumentaram em valores absolutos. Em 2001, esses produtos eram 24,9% das compras externas, o equivalente a US$ 13,8 bilhões. Em 2010, a participação relativa do grupo caiu para 19,7%; em compensação, o valor subiu em 160%, ficando em US$ 35,8 bilhões, já que o total de importações aumentou.

O grupo de média-alta tecnologia manteve sua participação nas importações em cerca de 40% do total, mas os valores absolutos subiram de US$ 23 bilhões para US$ 75,2 bilhões. Já no de média-baixa tecnologia, as importações corresponderam a 14,9% em 2001 e 18,8% em 2010. Pela primeira vez, este setor acumulou déficit, um montante de US$ 4,7 bilhões em 2010. Segundo análise da PROTEC, o fato se deve ao aumento nas importações da área de combustíveis (principalmente óleo diesel, naftas para petroquímicos e querosene de aviação), que atingiu quase US$ 7 bilhões de déficit.

Saldo industrial

De acordo com o levantamento da PROTEC, os produtos industriais tiveram déficit de US$ 30,7 bilhões no ano passado. "As commodities estão sustentando a balança comercial do País. Uma relação de troca deste tipo não é saudável, pois toneladas de soja valem o mesmo que apenas um laptop. É algo inadmissível", analisa Nicolsky.

Do lado das importações, em 2001, o Brasil registrou um total de US$ 55,6 bilhões, enquanto que, em 2010, esse número pulou para US$ 181,6 bilhões, um recorde. "Esse salto é preocupante, especialmente porque os superávits na balança comercial brasileira têm sido, tradicionalmente, um dos pilares de sustentação do balanço de pagamentos. Mas o pior ainda está por vir. A previsão do setor privado é que, em 2011, não haja superávit na balança comercial, complicando ainda mais o fechamento das contas externas do País. Para não ter de usar suas reservas cambiais, o governo tem de torcer para continuar forte o fluxo de entradas de capitais externos. Especialmente os produtivos, que permanecem mais tempo internados", alerta o economista Fernando Varella, consultor da PROTEC.


(Fonte: Natália Calandrini para Notícias Protec - 19/01/2011)
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=4022748151710530633

Indústria brasileira tem déficit recorde com o exterior

14 de Janeiro de 2011

Quem acompanha a evolução do déficit da indústria da transformação ainda assim se assustou com o resultado de 2010: um recorde de US$ 37 bilhões, 125% acima do saldo negativo obtido em 2009. Se forem excluídos produtos com pouco grau de transformação, como aço, açúcar e celulose, o déficit atingiu US$ 70,9 bilhões no ano passado. Some-se a isso o fato de que, entre as commodities brasileiras - que ainda conseguem segurar o superávit comercial -, apenas cinco itens respondem por 43% das exportações. Ou seja, vivenciamos uma economia fragilizada, dependente das oscilações do mercado externo. Alguns especialistas consideram o rombo da indústria uma consequência da crise global, que empurra as empresas de fora a buscarem o aquecido mercado brasileiro. Esta pode ser uma das explicações, mas não serve como justificativa para a falta de medidas enérgicas e urgentes na política interna, como a des valorização do dólar, necessária à competitividade do setor produtivo nacional.


O setor industrial registrou o pior rombo da sua história nas trocas com o exterior. No ano passado, o déficit da indústria da transformação (que converte as matérias-primas em insumos e produtos acabados) atingiu o recorde de US$ 37 bilhões, 125% acima do saldo negativo obtido em 2009. O resultado assusta os especialistas e revigora os temores de desindustrialização no País.

O cálculo foi feito pela Secretaria de Desenvolvimento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Se forem excluídos itens com pouco grau de transformação como aço, açúcar ou celulose e considerados apenas os produtos manufaturados, o déficit atingiu US$ 70,9 bilhões em 2010.

De acordo com os especialistas, o rombo da indústria é uma consequência da crise global e do forte crescimento da economia brasileira. Com dificuldades para se recuperar da pior turbulência desde a década de 30 e com capacidade ociosa, os países ricos reforçaram o esforço exportador. O Brasil se tornou um alvo preferencial, graças à expansão do mercado doméstico.

As importações de produtos industriais aumentaram 40% em 2010, para US$ 143,2 bilhões. As exportações da indústria brasileira se recuperaram da crise, mas cresceram menos: 23,5%, para US$ 106,3 bilhões.

O câmbio valorizado também ajuda a baratear os produtos importados e a reduzir a competitividade da indústria local. O real forte é resultado das altas taxas de juros locais, que atraem capitais externos, mas também da política de expansão monetária dos Estados Unidos, que provoca uma desvalorização do dólar em relação a várias moedas.

Conseqüências

De acordo com o diretor do Instituto de Economia da Unicamp, Mariano Laplane, o agravamento do déficit da indústria traz efeitos indesejáveis, como demissões, menos arrecadação e redução do superávit comercial. Também acelera a desindustrialização, que é a perda de espaço da indústria no Produto Interno Bruto (PIB).

Graças às perdas da indústria, o saldo da balança comercial brasileira encolheu do recorde de US$ 46 bilhões em 2007 para US$ 20 bilhões no ano passado. O resultado positivo foi garantido pelo bom desempenho do agronegócio.

"Uma consequência que não é tão evidente, mas é mais grave no longo prazo são as oportunidades perdidas. Hoje temos um mercado doméstico em forte expansão, mas que está promovendo o crescimento da produção em outros países. Se for pontual, não é uma tragédia. O problema é se o fenômeno se tornar estrutural", diz Laplane.

A tese de desindustrialização da economia brasileira, no entanto, não é consenso entre os economistas. Para Bernardo Wjuniski, da Tendências Consultoria Integrada, não há desindustrialização no País porque os setores estão trabalhando próximos às máximas históricas de capacidade instalada.

"A produção não caiu. Estagnou em patamares elevados. A competição internacional dificulta a vida dos empresários, mas não é tão estrutural assim", disse o economista. "A produção industrial não cresce mais porque ainda não maturaram os investimentos necessários". Ele ressalta ainda que a influência do resultado da indústria no déficit em transações correntes do País é pequena.

Fonte: http://www.protec.org.br/noticias_detalhe.php?id=16984

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um consenso sobre a inovação tecnológica no Brasil

17/02/2011 - Wellington Freire

Publicação: O Globo

Observando a criatividade dos comerciantes da favela de Heliópolis, em São Paulo, para atender as necessidades de abastecimento dos seus moradores, a revista britânica "The Economist" disse, em reportagem publicada no final do ano passado, que o Brasil poderia buscar inspiração nas suas favelas para criar produtos e negócios mais inovadores para o seu mercado interno.

Apesar do sucesso internacional da economia brasileira, as nossas empresas estão fazendo bem menos do que suas rivais da Índia e da China (falando apenas dos BRICs) para dominar a arte de produzir mercadorias baratas para as massas. Se produtos e serviços inteligentes para os mais pobres enchem as prateleiras das lojas hoje no País, a quase totalidade é pensada e produzida no exterior, especialmente na China.

A reportagem da revista "The Economist" chama assim a atenção para um fato particular do desenvolvimento nacional que contraria um fundamento geral da teoria econômica, onde se aprende que o que deve ser exportado, por razões óbvias, é o excedente e não o principal da produção. Por conta da dinâmica econômica brasileira, marcada historicamente pela dependência externa, as empresas são estimuladas a buscar o mercado global, em detrimento da produção de mercadorias para consumidores locais.

Criar, então, produtos mais inteligentes e, portanto, mais inovadores, para os brasileiros, nos coloca de frente não apenas com o perfil tradicional da indústria nacional, mas também com a questão de como equacionar a relação entre ciência, tecnologia e inovação. Coisas que, apesar de distintas, aqui são sempre postas no mesmo escaninho de políticas públicas sob a sigla genérica de CT&I. Das três, para as empresas, a inovação é a pedra angular, já que é pilar estruturante da competitividade econômica.

Por isso, um confronto da posição do País diante dos concorrentes internacionais, no quesito Inovação, está hoje longe de nos tranquilizar. Um estudo divulgado pelo Fórum Econômico Mundial mostra que o Brasil caiu da 50ª para a 68ª posição no ranking mundial em 2010. Já dentre os países latino-americanos, onde era o 3º mais bem classificado até 2009, o país ficou apenas na 7ª posição ano passado, perdendo para nações como Chile, Uruguai e Costa Rica.

Já o Índice Global de Inovação, registra os obstáculos do setor no Brasil: infraestrutura deficiente, desigualdades sociais, falta de grandes investimentos em educação primária e secundária, e, por último, mas não menos importante, as dificuldades de proteção da propriedade intelectual. A par dessas deficiências estruturais, o Brasil precisa desenvolver um consenso em torno da inovação que leve em consideração as empresas.

Reconhecemos o papel fundamental e estimulador da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Ministério da Ciência e Tecnologia na concessão de créditos financeiros, ainda que falte um melhor entendimento do Governo em outras áreas. Apesar dos reconhecidos avanços trazidos pela Lei de Inovação, assinada pelo presidente Lula em 2004, especialmente no seu Capítulo IV denominado "do Estímulo à inovação nas empresas", ainda hoje o processo de registro de uma patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) demora de 8 a 10 anos. Essas inconsistências explicam, em parte, a baixa atividade das empresas brasileiras.

Nesse sentido, o País poderia considerar a longa contribuição de algumas empresas multinacionais sediadas no País, principalmente as que possuem uma visão, como a IBM, de que a inovação não está mais restrita aos laboratórios de P&D das grandes empresas ou das universidades, mas que pode estar, como no alerta da "The Economist", até mesmo nas favelas. Através de parcerias com essas empresas poderemos não só inserir inovações brasileiras no mercado global, mas também incrementar a inovação nativa.

Muitas vezes, a vida prática, como o dia a dia em uma favela de São Paulo, Rio ou Distrito Federal, coloca para as empresas demandas inovadoras a partir da boa idéia de alguém, que o mundo corporativo transforma em produto. A liberdade de criar olhando, fazendo e quebrando a cabeça para fazer melhor aquilo que outros fizeram antes vem sendo um dos mais potentes motores do desenvolvimento tecnológico nos países do leste asiático, hoje líderes nos processos de inovação no mundo. O Japão, depois da Segunda Guerra Mundial, e a China, Coréia do Sul e Cingapura são exemplos vivos de que esse modo de pensar pode dar certo.

A inovação brasileira é um jogo complexo, mas necessário para apoiar o desenvolvimento econômico do País. Entendemos que o futuro do Brasil, depende não apenas da educação formal de seu povo, mas também da sua capacidade de inovar e de gerar patentes que possam ser acrescentadas aos resultados de sua economia.

Mas é preciso entender que cabe às empresas a criação, produção e colocação no mercado dos produtos resultantes da inovação. Esse protagonismo empresarial implica responsabilidades, mas exige, por outro lado, instrumentos públicos desenhados com clareza, de acordo com as necessidades e imperativos para fazer da inovação uma ferramenta real de alavancagem da economia do país. Esse é o consenso que precisamos atingir.

Wellington Freire é presidente da empresa vencedora do prêmio Finep "Pequena Empresa mais Inovadora do Brasil" em 2010.
Fonte: http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=4022748151710530633

A política industrial e a concorrência

15/02/2011 - Ricardo Machado Ruiz

Publicação: Valor Econômico

Há um relativo consenso entre economistas de que o crescimento econômico dos países está associado às inovações tecnológicas. Governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento estão cientes dessa conexão entre crescimento econômico e a virtuosidade inovadora de suas empresas, sejam elas de capital público, misto ou privado. Alguns deles formulam políticas que induzem o surgimento de firmas inovadoras e mesmo a reestruturação completa de indústrias. Essas ações governamentais são muitas vezes chamadas de políticas industriais.

As políticas industriais mais bem sucedidas são aquelas que buscaram construir a conexão entre a atividade inovadora, firmas e crescimento econômico. Um exemplo recente dessas políticas é a "Strategy for American Innovation: driving toward sustainable growth and quality jobs", anunciada pelo Presidente dos EUA, Barack Obama, em agosto de 2009. Nesse documento podemos encontrar explicitas intenções de induzir, catalisar e financiar atores econômicos que decidam inovar. Encontramos também a intenção de fomentar novas firmas em novos setores produtivos e reestruturar importantes indústrias.

Uma política industrial com perfil inovador e indutor do investimento tem certamente conexões com uma política concorrencial ou antitruste. Entendo que essas articulações podem ser dominantemente pró-concorrenciais e, ao mesmo tempo, em favor da inovação e geração de eficiências econômicas.

As empresas inovadoras se diferenciam de suas concorrentes construindo suas próprias estruturas geradoras de inovações. Algumas delas se articulam a outras firmas e instituições de ciência e tecnologia para obter, aprimorar e criar novos produtos ou processos produtivos. As firmas mais bem sucedidas e ousadas se tornam líderes tecnológicas, acirram a disputa concorrencial em preços, qualidade e variedade. Em alguns casos, quando os diferenciais tecnológicos são amplos e de difícil imitação, há uma concentração no mercado com exclusão de concorrentes.

Esta concentração é um resultado positivo de uma concorrência "schumpteriana".

Nesse processo, algumas vezes são criadas indústrias oligopolizadas, mas que não podem ser consideradas ineficientes do ponto de vista da análise econômica e do direito antitruste.

As agências de defesa da concorrência tendem a validar condutas, aquisições e fusões que mostram significativos e comprovados ganhos de eficiência econômica, em particular quando ligado a inovações. Tanto na integração vertical como na horizontal valem os mesmo requisitos: a presença de eficiências econômicas singulares e possíveis somente a partir do movimento estratégico das empresas envolvidas no negócio.

As empresas inovadoras se diferenciam pela política de construir estruturas geradoras de inovações

Existem, entretanto, situações em que a agência antitruste age para bloquear condutas e concentrações. Nesses casos a interpretação é de que a ação empresarial é "rentista", ou seja, formata negócios com capacidade de ampliar ou garantir a rentabilidade sem ter como contrapartida um aumento significativo da eficiência econômica. Nesses casos a tendência da agência antitruste é a reprovação do negócio. Em suma, nos seus fundamentos, a política concorrencial tem um viés antirentista e desse posicionamento surgem alguns polêmicos conflitos entre a perspectiva pública e aquela dos negócios privados.

Considerando a política industrial e a política concorrencial nos termos descritos acima, pode-se notar uma convergência de objetivos: as duas políticas buscam eficiências econômicas e/ou validam a inovação. Surpreendem, portanto, afirmações de que estas duas formas de intervenção pública estariam inexoravelmente em conflito ou que seriam até dimensões distintas, estanques e incomunicáveis. Alguns analistas chegam a afirmar que a política industrial amenizaria o ímpeto concorrencial. Outros consideram que seus mecanismos de indução, seleção e promoção de firmas têm um dominante viés anticoncorrencial.

É certo que existem casos onde se destacam aspectos rentistas. Contudo, essas ações não devem balizar as políticas industriais e concorrenciais. Como observa Dani Rodrik: "O que determina o sucesso de uma política industrial não é sua habilidade em selecionar vencedores, mas sua capacidade de abandonar os perdedores ("The Return of Industrial Policy", 2010).

Um modo de cercear o viés rentista que assombra qualquer política industrial é promover sua aproximação com políticas concorrenciais. Vejamos, por exemplo, as políticas de carros populares, dos genéricos e do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

Nessas políticas setoriais (que são políticas industriais!) há um conjunto de metas a serem alcançadas, por exemplo, nível de emprego e consumo, inovação de produto e redução de preços. Para induzir os agentes econômicos a alcançar essas metas, incentivos são definidos, orçados e regras de acesso são estipuladas. Por fim, a indústria passa a ser monitorada. Em suma, define-se um espaço concorrencial induzido por instrumentos de uma política pública.

Nesses espaços concorrenciais induzidos também valem intervenções de uma política concorrencial que bloqueiam condutas colusivas e atos de concentração considerados rentistas. O objetivo é impedir a captura dos incentivos públicos por parte de agentes rentistas e canalizá-los para aqueles que estão imbuídos de estratégias inovadoras e geradoras de eficiências econômicas. É certo que na ausência desses comportamentos rentistas pode-se esperar disputas em preços mais acirradas, inovações tecnológicas mais intensas, maior variedade de produtos e aumento da oferta.

Em síntese, a articulação de uma política industrial com uma política concorrencial é possível e mesmo desejada. Em uma política são estimuladas inovações, enquanto que na outra são validados negócios com destacas eficiências econômicas. Temos, portanto, a possibilidade de construir sinergias e mesmo uma convergência de objetivos. Seria interessante pensar nessas conexões como um jogo de soma positiva.

Ricardo Machado Ruiz é conselheiro do Cade e professor da Universidade Federal de Minas Gerais.
Fonte: http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=4022748151710530633

Defesa comercial ou protecionismo?

11/02/2011 - Ernesto Moreira Guedes Filho e Fabiana Tito

Publicação: O Estado de S. Paulo

No último dia 3, um levantamento da Confederação nacional da Indústria (CNI) indicava que "67% das empresas exportadoras brasileiras que competem com produtos chineses perdem clientes". De fato, a participação dos produtos da China nas importações brasileiras atingiu 14% em 2010: importamos US$ 25,6 bilhões de produtos chineses, alta de 61% em relação a 2009.

A abertura de mercado tem efeito positivo ao impulsionar empresas na busca por ganhos de eficiência e produtividade. As que não se moldam a esse padrão global deixam de ser competitivas e passam a ser ameaçadas por uma concorrência legítima. Por outro lado, há casos em que a concorrência internacional é feita mediante práticas desleais.

Existem dois conjuntos de instrumentos para combater ilegalidades no comércio internacional: direitos compensatórios, aplicados quando governos estrangeiros concedem subsídios ilegais a sua indústria; e direitos antidumping. O dumping é caracterizado pela venda de um bem no mercado internacional com preço inferior ao valor praticado internamente pelo exportador. Será considerada concorrência predatória e desleal se houver dano ao mercado nacional, bem como nexo causal entre o dumping e esses danos.

Assim, é necessária a análise das condutas para distinguir a concorrência predatória da legítima. O processo exige o levantamento de preços praticados no país de origem. No caso das importações da China, apesar de reconhecida pelo País como economia de mercado, tal reconhecimento não foi ainda devidamente regulamentado, fazendo com que os processos de dumping não levem em conta o do mercado doméstico chinês e, sim, parâmetros de mercado de outros países. Isso até facilita provar ações contra a China, pois o mais difícil é obter boas séries sobre preços no mercado doméstico do exportador e, nesse caso, podem-se usar benchmarks de preços externos, mais disponíveis.

Tanto no caso de direitos antidumping como no de direitos compensatórios, a análise é conduzida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), por meio da Secretaria de Comércio Exterior e do Departamento de Defesa Comercial (Decom), que investiga a existência de dano. A decisão final e a fixação destes direitos são então homologadas pela Câmara de Comércio Exterior, também do Mdic. No âmbito internacional, compete à OMC a supervisão da aplicação das medidas de defesa comercial e a resolução de possíveis controvérsias.

Caso o Decom conclua pela viabilidade de uma investigação, normalmente após um pleito preliminar, seguem-se o preenchimento de questionário com as informações e cálculos econômicos necessários para a abertura da investigação (como séries de produção e vendas no mercado doméstico e preços praticados pelo fabricante do outro país em seu mercado); e a juntada dos documentos comprobatórios.

Entretanto, se não se constatar a existência de dumping ou medidas compensatórias ilegais, caberia às empresas, a busca pela eficiência e produtividade; ao governo, a adoção de medidas de política industrial e políticas públicas que desonerem exportações, simplifiquem o confuso sistema tributário e reduzam custos de transporte e de financiamento, sem que tais políticas incorram na concessão de subsídios ilegais. São medidas efetivas que melhoram a competitividade da indústria doméstica. Não se podem compensar ineficiências com medidas de defesa comercial utilizando-se instrumentos de proteção quando eles não se justificam.

Portanto, é importante separar o uso da defesa comercial de uma política simplesmente protecionista, que, além de ilegal, acaba incentivando a ineficiência. Por isso a defesa comercial ganhou destaque internacional, tornando-se objeto de debate e de avanços técnicos para que seu emprego seja objetivo e legítimo. Para o País, seu uso pode ser promissor na defesa da indústria nacional.


Ernesto Moreira Guedes Filho é economista e sócio responsável pela área de estudos, projetos e pareceres da tendências Consultoria e Fabiana Tito é economista especializada em direito econômico e economia da concorrência e regulação, e analista da Tendências Consultoria

Fonte: http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=4022748151710530633

A inviável volta do controle de importações

10/02/2011 - José Tavares de Araujo Jr.

Publicação: O Estado de S. Paulo

Desde o início da crise de 2008, a defesa do protecionismo tornou-se mais vigorosa e diversificada no Brasil. Um traço comum aos que advogam essa estratégia é a simpatia pelos instrumentos de política econômica usados no País entre as décadas de 1930 e 1980. As elevadas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) continuam na memória de todos, ao mesmo tempo que outras características do período são devidamente esquecidas, como a destruição gradual da moeda, a formação de um parque industrial que não investia em progresso técnico e o perfil de distribuição de rendas.

Um fato histórico que os defensores de medidas restritivas às importações parecem ignorar é o de que as crises de 1929 e 2008 provocaram impactos opostos sobre o balanço de pagamentos do País. No momento do colapso da Bolsa de Valores de Nova York, nossas reservas internacionais eram de cerca de 30 milhões de libras, reduzidas a zero em 1931. Além disso, nos dois primeiros anos daquela crise, a taxa de câmbio desvalorizou-se em mais de 60%.

Em contraposição, entre 2008 e 2010, as reservas subiram de US$ 194 bilhões para US$ 289 bilhões, mantendo o processo de acumulação iniciado em 2000, quando o montante foi de apenas US$ 33 bilhões. No segundo semestre de 2008, a taxa de câmbio sofreu uma desvalorização de 35%, mas, logo em seguida, retomou a trajetória de apreciação, em vigor desde 2004.

O desafio que o Governo enfrentava nos anos 30 era o de administrar uma economia submetida a uma restrição cambial aguda e sem perspectiva de superação. As medidas defensivas adotadas responderam àquele desafio, e, nas quatro décadas seguintes, o controle permanente sobre as importações permitiu a implantação do parque industrial mais diversificado entre os países em desenvolvimento da época. A contrapartida dessa façanha foi a geração de um conjunto de distorções domésticas ainda não superadas totalmente.

O desafio atual é bem distinto: assegurar a sobrevivência da indústria nacional, num contexto marcado pela apreciação duradoura da taxa de câmbio, sem risco iminente de crise cambial. Dados os padrões de competição gerados pela revolução contemporânea nas tecnologias de informação, a política industrial apta a lidar com esse desafio tem duas prioridades: reduzir os custos de transação na economia brasileira e elevar o ritmo das inovações na indústria.

A redução dos custos de transação depende não apenas da execução de reformas ainda pendentes na agenda de políticas públicas, como a tributária e a trabalhista, mas também da correção de falhas advindas de algumas das mudanças realizadas nas duas últimas décadas. Um exemplo notável de obstáculos recém-criados é o atual marco institucional do setor portuário, que reúne um conjunto de normas mal definidas e contraditórias.

Se a indústria nacional não for capaz de elevar seus níveis de eficiência produtiva, certamente continuará perdendo espaço para os competidores externos. Para evitar isso é indispensável reduzir custos domésticos de transação, que são mais elevados do que os vigentes nos principais parceiros comerciais do País. Mas qualquer medida nessa direção implica não apenas mudanças normativas complexas, mas a eliminação de fontes de renda para alguns agentes econômicos resistentes às mudanças.

Uma forma de eludir esse conflito seria a de retornar aos controles sobre as importações. Mas essa opção restauraria um estilo de política econômica que, durante décadas, inibiu o desenvolvimento tecnológico da empresa privada nacional, exacerbou a iniquidade social e desorganizou as finanças públicas. O governo Dilma já indicou, ainda que parcialmente, suas preferências, ao manter a independência operacional do Banco Central, o câmbio flutuante e o regime de metas de inflação.

Entretanto, não significa que as pressões protecionistas desaparecerão. As propostas que confundem política industrial com reserva de mercado ignoram o conceito de preços relativos e desprezam benefícios de uma moeda conversível continuam, infelizmente, a desfrutar de prestígio intelectual no País.

José Tavares de Araujo Jr é economista
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=4022748151710530633

Direitos da propriedade intelectual e inovação

07/02/2011 - Renata Miriam Merlo Rocha

Publicação: Estado de Minas

Diante de ações estratégicas para o desenvolvimento do país, a área da ciência, tecnologia e inovação tem relevante papel na transformação do conhecimento em produtos e processos inovadores, além da importância na busca da sustentabilidade econômica e tecnológica. Quem consegue desenvolver produtos e/ou processos que melhor satisfaçam as necessidades de uma sociedade tem maior domínio das técnicas empregadas e, consequentemente, maior arrecadação de renda.

É a partir do conhecimento que a capacidade humana de planejar e agir para o resultado torna-se fundamental em uma economia onde a única certeza que temos é a incerteza. A velocidade das mudanças em processos e produtos é fator determinante para a conscientização sobre o sistema jurídico da propriedade intelectual. Sendo esse sistema um conjunto de normas que protegem as criações do intelecto, abrangendo as produções literárias, científicas, artísticas, bem como as invenções no campo industrial, busca a proteção do conhecimento para que os criadores sejam recompensados pela inovação.

A legislação da propriedade intelectual é esparsa, mas na Constituição Federal encontramos o tema no artigo 5º, incisos XXVII, XXVIII e XXIX. Na modalidade propriedade industrial, as patentes, os desenhos industriais, marcas e indicações geográficas, temos regulamentação específica na Lei 9.276/96 e requeridas ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Outras modalidades, como as cultivares, são regulamentadas pela Lei 9.456/97 e registradas no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC). Ainda sobre o direito autoral, regido pela Lei 9.610/98, o registro das obras literárias deve ser feito na Biblioteca Nacional, e a proteção aos programas de computadores é regulamentada pela Lei 9.609/98, também requerida ao INPI.

A inovação científica e tecnológica deve ser pautada em uma segurança jurídica, pois é esta que vai inviabilizar a apropriação ilícita de terceiros. No entanto, o tema proteção intelectual ainda não ocupa lugar estratégico no meio empresarial, em âmbito nacional, nem no meio acadêmico. Apesar da evolução dos pedidos de patentes nas universidades ocorridos a partir de 1996, com uma nova legislação vigente são poucas as academias que se destacam na proteção do conhecimento, conforme base de dados do INPI.

No que tange às empresas, conforme os indicadores de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), do ano base 2004, ainda são as grandes empresas que mais depositam patentes nacionais e internacionais. Indicador mais usado para medir o esforço da inovação de um país, o processo para concessão de patentes tem altos custos, o que contribui para a pouca atuação das micro e pequenas empresas na cultura da proteção de seus produtos ou processos inovadores.

Apesar disso, as práticas das proteções intelectuais não podem ser ignoradas, pois são importante ativo empresarial, o que contribui positivamente para a competitividade de mercado e para a inovação. O trabalho intelectual advém de um esforço humano e merece ser valorizado e reconhecido, mas não indiscriminadamente, permitindo que qualquer pessoa se apodere de um conhecimento gerado. As proteções intelectuais não podem ser vistas como meio de restrição de competitividade nem como acréscimo de custos ao consumidor final. Ao contrário, com a proteção do conhecimento, novos estímulos às criações e o aumento de investimentos nacionais e internacionais em pesquisas são uma das consequências positivas, pois viabilizam o desenvolvimento e/ou aprimoramento de protótipos ou projetos.

Fator importante para a prática da proteção intelectual são as políticas públicas destinadas ao desenvolvimento da inovação no país. Inserida no ramo do direito empresarial e de grande importância para as práticas comerciais, de nada adiantaria se o Estado não proporcionasse programas de financiamentos e subvenção econômica, incentivos fiscais e infraestrutura para um ambiente favorável à inovação nas empresas ou nos centros geradores do conhecimento, como nas universidades.

Temos hoje a Lei de Inovação 10.973/2004 e a Lei do Bem 11.196/05, em que na primeira há promoção do estímulo às criações, colocando as proteções do conhecimento como critério fundamental para o desenvolvimento de novos produtos ou processos, e na segunda há incentivos fiscais para as pessoas jurídicas que realizam pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica.

O fato é que, entender a importância dos direitos da propriedade intelectual, além de ser fator determinante de uma nova estrutura de mercado, é estratégia empresarial que viabiliza a inovação contínua garantida por uma segurança jurídica. Além disso, aproxima o meio empresarial da comunidade acadêmica, permitindo a transferência do conhecimento em prol de um desenvolvimento econômico e tecnológico sustentável.

Já não há mais espaço para o desconhecimento de um sistema cujo objetivo, além de ser o de garantir aos criadores o direito sobre sua obra, é também o de proporcionar competitividade empresarial. Com o sistema da propriedade intelectual aplicado a um contexto em que a inovação é estratégia fundamental para concorrência, estaremos aptos a competir, tanto em âmbito nacional quanto internacional, com nossos produtos ou processos, sem permitir que qualquer pessoa de má-fé apodere-se do nosso conhecimento gerado, de nossas inovações.

Renata Miriam Merlo Rocha é advogada especialista em propriedade intelectual

Fonte: Estado de Minas - 07/02/2011)
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=4022748151710530633

A inovação com base no conhecimento

03/02/2011 - Sergio Cochela

Publicação: DCI

Segundo dados do Banco Internacional do Desenvolvimento, o Brasil lidera o ranking da inovação tecnológica na América Latina, à frente inclusive do Chile. Poucas empresas brasileiras, porém - não importa o porte -, investem em inovação. O maior motivo da falta de empenho dos empresários neste quesito é a burocracia: existem programas do Governo que incentivam a busca por formas de inovar, mas muitas empresas não atendem aos pré-requisitos e desistem do crédito.

Tanto o Governo quanto a iniciativa privada têm responsabilidade neste quadro. Apenas 0,59% do PIB é destinado para a área de pesquisa e desenvolvimento. O setor empresarial investe somente 0,5% do seu faturamento em P&D, montante irrisório se considerarmos que, nos países de primeiro mundo, as empresas chegam a investir 70% do lucro em P&D.

Um dos maiores gargalos para a inovação tecnológica é a falta de pessoas preparadas para inovar, sobretudo porque as próprias empresas não estimulam a criatividade. Uma pesquisa do Sebrae-SP, envolvendo 450 empresas pequenas e médias, indicou que, em 90% delas, só os sócios identificam novas oportunidades. Somente 9% destas companhias oferecem prêmios para estimular as ideias dos colaboradores. Estes dados reforçam a tese de que poucas empresas enxergam a inovação como um meio de incrementar a lucratividade e avançar em novos mercados.

Isto vai de encontro aos objetivos de negócios estipulados na maioria das organizações, uma vez que todas querem se posicionar como inovadoras. Mas grande parte só visa lucros e redução de custos, esquecendo-se que a base da inovação está no conhecimento, na valorização das ideias e na qualidade do ambiente oferecido aos colaboradores. Sem esta base, torna-se impossível o sonho de alcançar resultados aliados à sustentabilidade.

Também é importante que as empresas tenham sempre em mente que não existe inovação sem conhecimento, pois ninguém inova em algo que não conhece. Portanto é fundamental que as companhias mapeiem estoques de conhecimento, criando mecanismos de captura e retenção deste conhecimento. Com isso, fica mais fácil utilizar de forma acertada o ativo intelectual, gerando inovação de forma mais produtiva, envolvendo pessoas que fazem diferença em um assunto.

Um outro ponto a se considerar é a chegada da Geração Y aos cargos estratégicos. Trata-se de uma garotada altamente conectada, antenada a tudo que é novo e que representa uma excelente fonte de inovação. Esses jovens têm ânsia de aprender, não gostam de hierarquia e adoram trabalhar em equipe. Sedento por conhecimento e ascensão, o funcionário Y é um questionador que interage, compete, fornece e exige feedbacks rápidos. Por isso, preza a colaboração e a troca de experiências. Mas há um detalhe: apesar de trazer uma bagagem intelectualmente tecnológica de peso, não é regra que seja capaz de expor esse conhecimento por meio de uma conversa, principalmente com a "velha guarda". Tão focado em tecnologias e tendências, às vezes exprime melhor suas ideias por comunidades e fóruns de debates virtuais, que domina com maestria.

O grande desafio será potencializar essa meninada, trabalhando a gestão da empresa a partir de conceitos da Web 2.0. Apesar de ainda haver questionamentos sobre esse tipo de inovação, ela já pode ser considerada uma questão de sobrevivência para organizações de sucesso. Na Braskem, por exemplo, 25% dos pesquisadores são colaboradores externos; na Procter e Gamble 50% dos produtos são desenvolvidos com base em co-criação; e na Natura 50 a cada 100 projetos em curso são feitos em rede. Estas sim estão indo além dos muros, reduzindo time-to-market e custos.

A inovação com base no conhecimento é uma barreira difícil de ser ultrapassada, mas imprescindível para as empresas que desejam alcançar competitividade e desenvolvimento sustentado. Está mais do que provado que os investimentos assertivos em inovação refletem na produtividade da equipe, na maneira como os colaboradores pensam e, consequentemente, na criação de oportunidades de negócios. E quando é assim, todos saem ganhando: empresa e funcionários.

Sergio Cochela é CEO da Nous Software.